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O acaso do destino

  • Filipe Nunes
  • 21 de fev. de 2016
  • 2 min de leitura


O vento sopra no dorso do incansável Gavião das grandes montanhas. Está um dia glorioso na cadeia de montanhas que circundam o vale dos esquecidos. O Gavião com seu ar imperial sobrevoa atento a qualquer movimento em terra, ansiando pelo descuido de alguma presa que certamente estará em suas garras na primeira oportunidade. Sem muita demora eis que o Gavião avista um coelho selvagem que se atrevel sair da segurança de sua toca em busca de comida, foi um ato destemido porém mortal. O coelho possui instinto de fuga, então logo percebe o perigo iminente e se põe a correr em disparada, saltando com toda força que possui. O zigue-zague é o único recurso que o destemido coelho possui para despistar seu perseguidor, mas ele não pode contar com o terreno, não há arbustos, árvores, pedras ou qualquer lugar para se refugiar, apenas sua toca que de tão longe diminui suas esperanças de sair dessa vivo. O Gavião por sua vez está atento a cada passo, ou melhor, salto que o cinzento coelho dá, esperando o momento exato para dar o bote, o ataque perfeito. A sua visão apurada lhe concede a precisão que necessita para o sucesso na emboscada, ele calcula e decide, é agora, o Gavião retrai as asas o vento passa livre e com velocidade por sobre seu corpo que tomou uma postura ereta e determinada, definitivamente mergulhando de encontro ao chão. O coelho, exausto, perde velocidade, seus saltos já não são tão longos, a corrida se tornou quase um caminhar, um caminhar para a morte certa. Ele pode sentir a chegada do seu perseguidor, o Gavião vê a oportunidade, abre as garras para enfim capturar sua presa. Mas o inesperado acontece, no último milissegundo em que as garras se projetaram para as pequenas costas do coelho um barulho se faz ouvir ao longe, o coelho continuou saltando enquanto o grande Gavião ficou imóvel no chão com a penugem branca encharcada com um líquido vermelho, é sangue. Um homem e um garoto se aproximam, com a ponta da arma o garoto cutuca o corpo do Gavião a procura de uma reação, nada: - Está morto pai, eu consegui! Disse o garoto com um grande sorriso estampado no rosto. Seu pai se aproximou portando a mesma arma equipada com mira de longa distância, vestindo a típica roupa de caçador do deserto, com chapéu e colete com vários porta-objetos, tudo da cor beje. Também cutucou o corpo com a ponta da arma e sorriu dizendo para seu filho: - Muito bem, seu primeiro tiro e pegou em cheio, vai ser um grande caçador rapaz. Esfregou a cabeça do garoto bagunçando seu cabelo: - Obrigado pai, e agora o que a gente faz? Seu pai colocou as mãos em seus ombros e disse satisfeito: - Agora vamos empalhar e colocar na nossa sala como lembrança do seu primeiro e belo tiro amigão. E ficaram parados contemplando a sua caça bem sucessida. Enquanto isso, à alguns quilômetros dali, no pico da montanha, está um ninho escondido pela neblina, o vento ali é alto de modo que é quase inaudivel os gritos do pequeno filhote, cuja mãe agora está morta, mal sabe ele que ela não retornará e também mal sabe que nem sobreviverá.

 
 
 

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