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"Estão entre nós" Parte 2



Voltando para dentro, eles novamente conversaram sobre o que poderia ter acontecido. Leandro achava que o garoto com quem Julia estava saindo não era boa companhia e havia causado isso. Rosa discordava, pois confiava no rapaz e principalmente em sua filha. Foram se deitar cedo naquele dia.A preocupação aumentava cada vez mais. A cada dia parecia que a chance de encontrar sua filha era menor. Depois do desaparecimento, as brigas que eram raras tornaram-se mais comuns. Até que um dia, após 15 meses de buscas incansáveis pela garota, Leandro decide se separar de sua mulher. A separação seria temporária, até recuperarem as esperanças. Mas isso não aconteceria tão cedo.Após 6 meses de separação, Rosa entrou em depressão. Parou de trabalhar e passou a morar com o irmão que começou a sustenta-la.

Leandro continuou com o trabalho de advogado. Alugou um apartamento pequeno no centro da cidade, perto do trabalho. Lembrava-se todo dia de sua filha. De como a perdera. E perdia um pouco de esperança a cada dia também.

Vários amigos sentiam falta da adorável garota. Era alegre, séria, brincalhona e muito fiel as amizades. E cada um deles a esqueceu após um tempo. Agora já nem se lembravam da moça direito. Cada um seguiu uma vida e novas preocupações. Cerca de 8 anos após o desaparecimento, uma chama se acende.

Leandro e Rosa recebem uma ligação informando que haviam encontrado a filha do casal. Mas que após tanto tempo, não saberiam com certeza se era ela.

Nada mais foi revelado ao casal. Foi revelado somente que ela havia sido encontrada em um parque vestindo as roupas que estava quando desapareceu. E que estava viva, em observação em um hospital na cidade vizinha.

Ambos se alegraram demais e se viram novamente depois de tanto tempo. Para comprovar que a garota encontrada, que ainda estava viva, era realmente filha do casal, foi necessário em exame de DNA. O exame revelou que era realmente Julia que haviam encontrado.

A garota que estava agora com mais de 25 anos voltou a morar com a mãe e com o tio. Leandro a visitava todos os dias. Dizia que a amava, que sentira muito sua falta, etc. Sua mãe lhe dava atenção, brincava, sorria. Agia como uma criança com a sua filha.

Mas Julia não era como antes. Estava mais quieta, falava sozinha, era mais fria. Constantemente tinha pesadelos e acordava apavorada sempre no mesmo horário: 3h21 da manhã.

Um dia, acordou ainda mais desesperada. Gritava, falava sobre aliens, que fora abduzida, etc.

Rosa ligou imediatamente para Leandro. Quando este chegou se deparou com Julia sentada na cama, encarando o nada, enquanto balbuciava coisas como “eles estão aqui”, “eles irão voltar” ou “eu pressinto que irão chegar logo”. - Eles irão matar todos. Mas antes farão experiencias com todos nós, assim como fizeram comigo. Não quero voltar pra lá. Precisam acreditar em mim. Eles irão nos torturar com experimentos assustadores. - dizia a garota assustada. Os pais da garota ficaram em choque com aquela cena. Levaram-na para o hospital, que imediatamente chamou um psicólogo.

Quando o psicólogo se aproximou da garota, esta começou a gritar e berrar.

- Você é um deles! Não irá me calar, seu maldito! Alguém irá acreditar em mim! Eu sei que você é um deles!

Saindo da sala, o psicólogo chamado Rafael, com cerca de 60 anos alertou a família.

- Lamento dizer, mas sua filha tem um caso sério de esquizofrenia e sofre de alucinações. Recomendo que a internem em algum hospital para doentes mentais o mais rápido possível. – informou com pesar o senhor.

Sem escolha, os pais fizeram o que o doutor mandou. Internaram a garota e viram a decadência de Julia de perto, com o passar dos anos.

Ela agora nem sequer reconhece os pais. Ainda acorda todos os dias as 3h21 e repete que “eles” estão por ai. Sua mãe se matou no verão passado, pois não aguentou perder a filha novamente para a insanidade. Leandro largou o emprego e vive sozinho em uma casa minúscula no subúrbio. Uma vez por ano visita a filha.

Você, leitor, acredita em aliens? Quem sabe não podem ser seus vizinhos, amigos, colegas. Talvez quem vos escreve possa ser um também. Fique esperto. Talvez você seja o próximo a receber uma visita.



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